quarta-feira, 22 de setembro de 2010


QUEM É?



Walter Carmello Filho







             Encantador de cavalos vai virar moda muito em breve. Pelo que andei lendo ,a Globo vai levar ao ar no final deste mês uma novela chamada Araguaia,em que um dos atores principais,Murilo Rosa será uma espécie de encantador de cavalos.
            Será um plágio ao filme de Robert Redford,a Monty Roberts (este sim um encantador de cavalos) ou a este nosso pequeno blog?
            A verdade é que de algum tempo a estes,a doma racional,aquela sem violência,vem ganhando muitos adeptos e os mais bem sucedidos já estão sendo chamados de encantadores de cavalos. Com a novela da Globo então,qualquer domador vai se arvorar com este belo e comovente título .
           Eu era muito pequeno,tinha uns 9 anos,e morávamos em uma chácara onde hoje está instalada a fábrica da potente Toalhas São Carlos,quando meu avô,um italiano franzino mas dono de uma força intelectual muito grande,trouxe de sua fazenda em uma carroça, um potrinho alazão recém nascido. – Perdeu a mãe! Disse êle a minha avó,já com isso sensibilizando a nona a cuidar dele.
            Foi a partir daquele já longínquo dia que passei a encantar-me com os cavalos,e Indaial tornou-se um garanhão que não precisou ser domado. Nossa convivência estreita e diária fez com que êle conhecesse até minhas expressões e sinais. Nunca precisou trocar obediência por comida,castigo ou recompensa. Fazia porque éramos cúmplices de cavalgadas,banhos de rio,relaxamento sob as mangueiras ou jambeiros .
             Orgulho-me até hoje de nunca ter usado chicote,rebenque ou espora em nenhum dos muitos cavalos que já tive e jamais precisei usar de equipamentos ou apetrechos para “amolecer nuca ou queixo”. Prefiro o afago e a conversa ao pé do ouvido.
             Desde há muito,encanto-me com os cavalos e tenho absoluta certeza que a recíproca é verdadeira,mesmo porque tenho recebido deles demonstrações inequívocas de encantamento,quando de longe percebem a minha chegada saudando-me com relinchos,quando me aproximo e eles enfiam o focinho debaixo dos meus braços ou esfregam suas cabeças em minha mãos.
             Um cavalo,pela sua índole é sempre afogueado,assustado ou pode ser intolerante,raivoso,sentir-se injustiçado,ser prepotente,soberbo quase sempre,vitimizado muitas e muitas vezes,mas como em um passe de mágica desarmado pela nossa delicadeza.



             Encantador de cavalos?



            A violência por menor que possa ser,nunca será a resposta!



segunda-feira, 20 de setembro de 2010


FOGO

Walter Carmello Filho

19/set/10



Nome de nascimento

de longe o vê chegar

a cabeça em movimento

pede a mão lhe afagar.



Leva o mestre a caminhar ..

Um cavalo e seu cavaleiro

vidas livres a gozar

um sentido verdadeiro!



Cavalgam sob o sol ..

descansam na lua cheia..

tomam banho no rio Balsas

secam deitados na areia !

Procuram as éguas no cio

amam,passeiam na praça

o calor maranhense incendeia

mostram que tem raça.



Imponentes pela pureza

livres soltos sem candeias,

nos dois com certeza ..

corre fogo nas veias!

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

O MENINO E O CORCEL


Walter Carmello Filho





Suas rédeas em minhas mãos

cavalgando na estrada da vida.

Caminhos sinuosos,encruzilhadas

nosso andar vago sem destino.



Te adotei pequenino, me adotaste

iguais porém diferentes.

Indiferentes, cavalgamos

você cavalo...eu menino

laçamos ,sorri..contente



O menino ginete, o corcel...

Um dia foi marcado

com a dolorida separação,

o mancebo para os livros...

o cavalo na solidão.



Se nos separou o destino...

Eu na cidade a estudar,

êle na pradaria a galopar.

Distantes.. cavalo,menino

irão um dia se encontrar!

terça-feira, 14 de setembro de 2010

O PRETINHO DO BRIZOLA

Walter Carmello Filho 14/9/2010

Brizola velho amigo largado

peço aqui um intervalo

para decantar seu cavalo,

seu pingaço de renome,

Pretinho era seu nome

o tordilho vou lembrá-lo



Agora vou poetá-lo

passo a faca no rebolo,

o cabresto enrrodilho

vou soltando a versalhada

inda que meio estropiada

pra elogiar seu tordilho



Éra cavalo pra peão,

de resistência e alento,

valente,até briguento

por você bem tratado,

sabia dormir no molhado,

agüentava firme o relento.



De pêlo bem escovado..

andava faceiro o danado,

comia pastel,pão e empanado

exibia o dorso lombeado.

Capim verde,mato sêco

torava no cocho cavado!



Pretinho bom pingo..

aqui lhes dou instrução:

Era forte o seu garrão,

a cabeça bem destacada,

com passada aprumada,

e bem à mostra o tendão.

"Cáalo" de bom movimento..

no prado bom prá correr,

garanhão de temperamento

Com Brizola sempre solerte,

era bom de provimento

gostava de égua,trago e mulher!


Foi antes do combinado

deixando o velho em desalento

do amigo receba o carinho

Galopa nos pagos divinos

- O seu querido PRETINHO!