INDAIAL MEU ALAZÃO
Walter Carmelo Filho
Indaial meu alazão,
No sitio era considerado,
Marchava ensoberbado
Na pradaria a campear
Quantas meninas nos terraços
Ficavam faceiras a espreitar,
Vendo eu e ele passar.
Indaial meu alazão,
Cavalo de lida valente,
Na marcha batida adiante,
Incomparável na competição,
Marchava,pescoço empinado
A batida dos cascos no chão,
balançava o meu coração.
Indaial meu alazão,
Criado por meu avô
Na fazenda Bananal
em São Carlos do Pinhal,
Aleitado ainda potrinho
Veio bem pequenino,
Viver em nosso quintal.
Indaial meu alazão,
Nos meus tempos de menino
Saindo da escola radiante
Em seu lombo montado,
Ia logo cavalgando,
Para o nosso reino encantado,
Indaial meu alazão,
Lembro bem daquela tarde
Nos campos da invernada,
A correr uma novilha
Bravia,solta,desgarrada
Na parelha da tropilha
Não acertei a laçada.
Indaial meu alazão,
A galopar emparelhado
Sentiu o laço enrroscado
no meu braço dilacerar,
Valente , sagaz e certeiro
Arrancou passando ligeiro
Me livrou do pesadelo.
Indaial meu alazão,
No retão e no prado
Pela rapaziada aclamado,
campeão dos campeões!
E no passo cadenciado
Na vila me levava,
ver as mocinhas ,encantado.
Indaial meu alazão,
Dos tempos de potrinho,
Ainda te vejo,
Meus passos acompanhar,
Pinoteando e relinchando,
Imponente como um penacho
Não careceu amansar.
Indaial meu alazão,
Olhando teu retrato pendurado,
O apeiro todo empoeirado,
Dá vontade de chorar,
O destino foi traiçoeiro,
Levou o meu companheiro,
Nunca mais pude laçar.
Indaial meu alazão,
Você está na minha história
Sem rebenque sem espora,
Nos versos deste peão,
Que um dia emudeceu
Quando soube que morreu
Seu cavalo alazão!